sábado, 26 de abril de 2008

Jogo espetacular em Londres

Jogo espetacular em Londres! Cheio de alternativas, com direito a bola no travessão, bolas salvas em cima da linha, briga entre jogadores (inclusive do próprio time), e muita emoção até o final!

No primeiro tempo, o Chelsea sobrou. Não deu para entender o que pensou Sir Alex Fergunson ao poupar jogadores importantíssimos como Cristiano Ronaldo, Tevez, Evra e Scholes. Terá sido por problemas físicos, ou ele realmente achou que seguraria um empate em Stanford Bridge sem alguns dos seus protagonistas e com uma formação que não está habituada a jogar junta? O jogo de hoje não poderia ter sido considerado menos importante do que o contra o Barcelona, na próxima terça-feira.

A realidade é que o Manchester sentiu muita falta dos seus titulares e o primeiro tempo foi um passeio do Chelsea, do primeiro ao último minuto. Chances de gol, bola no travessão de Joe Cole, até o gol, após ótima jogada de Drogba, que saiu da área, protegeu bem a bola, fingiu que ia tocar na direita e cruzou de forma perfeita para Ballack cabecear para o fundo das redes. Na comemoração do gol, os jogadores do Chelsea fazem uma homenagem bonita a Pat Lampard, mãe do Frank Lampard, que faleceu na última quinta-feira, em uma cena realmente comovente, mostrando que ainda existe um pouco de companheirismo, paixão e humanidade no futebol.

Todavia, o que estava fácil para o Chelsea, se complicou logo no começo do segundo tempo, com uma vacilada história de Ricardo Carvalho, que até então vinha fazendo uma partida impecável, deixando Rooney de cara com Cech para empatar o jogo.

O Chelsea sentiu o gol e o jogo ganhou em equilíbrio. O Manchester subiu de produção após a entrada de Cristiano Ronaldo, mesmo com esse atuando na posição de centroavante, onde claramente não se sente muito bem.

Mesmo assim, os red devils, não conseguiram tomar as rédeas do jogo e, aos poucos, o Chelsea foi se reencontrando. Destaque para Avram Grant, que foi ousado e botou o time para cima, colocando Shevchenko e Anelka para jogar com Drogba, deixando o time com três centroavnates, além de recuar Essien para a lateral direita, no lugar de Paulo Ferreira, que atuou muito mal, destoando do restante da equipe londrina.

Porém, quando o jogo parecia caminhar para um empate, com Van Der Sar fazendo ótimas defesas e com o time do Chelsea parecendo que nada mais tinha oferecer, especialmente depois da discussão inusitada entre Ballack e Drogba para cobrar uma falta, o auxiliar tem a ousadia de marcar um pênalti difícil de ser visto, em um cruzamento na área no qual a bola resvalou na mão de Carrick. Antes da cobrança, nova “briga” entre Drogba e Ballack para quem cobraria, mais foi o quem alemão bateu, com a firmeza de sempre, desempatando o jogo. Na comemoração, abraço de Drogba e paz aparentemente selada.

A partir daí, o Manchester fez o que não tinha feito o jogo todo: atacou. Foram muitos lances de perigo nos eletrizantes minutos finais, com Ashley Cole e Sheva salvando bolas em cima da linha, de Ronaldo e Fletcher, respectivamente, e com Ferdinand querendo briga! Muita emoção até o derradeiro apito do juiz.

Agora, com os dois times com 81 pontos, o campeonato está novamente em aberto. O Manchester United ainda depende só de si, já que tem um saldo muito superior e, ganhando os dois jogos que faltam, fatalmente ficará com o título. O problema é que, após o show contra o Aston Villa, o Manchester vem caindo de produção e se preocupando excessivamente em se defender. Vale lembrar a virada apertada contra o Arsenal, em dois gols de ola parada, o sufoco para empatar com o Blackburn no sábado passado, ou a partida sem brilho e exageradamente cautelosa contra o Barcelona pela Champions League. Agora está ameaçado na liga e no torneio europeu, já que um empate por gols, algo bastante plausível, classifica a equipe catalã na terça-feira.

Enquanto isso, o Chelsea vem dando seguidas demonstrações de que tem um elenco muito competitivo, além de muita “estrela”, sempre “achando” gols importantíssimos nos últimos minutos. Vem jogando com cara de campeão. Talvez seja tarde na Premier League, mas quem sabe na Champions League?

Provocações

Observando á distancia, Valdívia parece ser mais inteligente do que a média dos jogadores de futebol. Isso se reflete não só pela sua inteligência dentro do campo e pelas suas lúcidas (e poucas) entrevistas mas, principalmente, pelo seu estilo provocador em campo, que vem irritando profundamente aos adversários e, por que não dizer, fazendo com que o chileno desequilibre jogos para o palmeiras também no plano psicológico.

Gostem ou não alguns, a provocação faz parte do futebol, e do esporte em geral, desde que, obviamente, obedeça a limites éticos, de forma que insultos racistas, ou ofensas de cunho estritamente pessoal, não podem ser toleradas. Mas nada há de errado em uma provocação acerca do jogo, ou através de uma comemoração bem humorada, por exemplo. Caberia aos “provocados” ter preparo psicológico para suportar, o que não tem acontecido no futebol brasileiro.

Observando esse fato, o camisa dez palmeirense, inteligentemente, vem utilizando esse recurso constantemente, conseguindo desestabilizar os adversários não só com seus dribles, mas também com provocações, fulminando-os psicologicamente e, também dessa forma, ajudando o Palmeiras a ganhar jogos. Vide a segunda partida semifinal contra o São Paulo, na qual o chileno, além de jogar um bom futebol, marcando um gol, tirou os tricolores do sério, fazendo até com que o ídolo Rogério Ceni o agredisse. Assim, o São Paulo, psicologicamente em frangalhos ( que ocorreu em parte também pelo lamentável episódio do gás), não conseguiu reagir.

O mesmo aconteceu no jogo de quinta, pela Copa do Brasil, contra o Sport. O volante Bira, com apenas dois minutos em campo, perdeu a paciência o chileno e desferiu uma cotovelada, sendo expulso. Situações como essa vêm acontecendo seguidamente em jogos contra o Palmeiras, desde que Valdívia chegou ao Brasil.

Se os jogadores do São Paulo, inclusive Rogério Ceni, que falhou em um gol, tivessem se preocupado mais em jogar futebol do que com provocações, o resultado do jogo poderia ter sido diferente. Assim como vem ocorrendo em vários jogos, nos quais os adversários do chileno se preocupam demais em querer agredi-lo devido às provocações, esquecendo de jogar futebol e ficando completamente perdidos no plano psicológico, enquanto Valdívia ri e continua mostrando seu belo jogo.

Repita-se, a provocação tem limites. O jogador que profere insultos racistas ou extrapola de alguma forma, deve ser punido não só esportivamente, mas também nas esferas cível e criminal, se for o caso. Porém, provocações “do jogo”, dribles e comemorações bem humoradas fazem parte da essência descontraída do futebol. Querer proibi-las é transformá-lo em algo sisudo e sem paixão, mas isso é assunto para outra postagem. Antes de tanto “chororó”, lembrando a criativa comemoração de Souza copiada por “El Mago”, os adversários do chileno deveriam se preocupar em ter o equilíbrio mental necessário para ganhar um jogo e , principalmente, se preocupar em parar, na bola, o craque palmeirense.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Os prejudicados pela regularidade.




De ano em ano, diferentes jogadores vêm se revezando entre os três primeiros na eleição de melhores do ano da FIFA. Desde que o prêmio foi criado, em 1991, com exceção de jogadores como Ronaldo, Ronaldinho e Zidane, seguramente entre os melhores da história, ninguém figurou entre os três mais de duas vezes, e diversos jogadores se revezaram no panteão dos melhores do ano, de acordo com o desempenho na temporada, provando que, no equilibrado futebol globalizado, onde "não tem mais bobo", como diriam os repetidores de clichês, ninguém fica no topo por muito tempo. Para ser mais preciso, trinta e dois jogadores figuraram na lista nas dezessete edições do prêmio, como se pode verificar no seguinte link:

Todavia, o curioso é que, apesar dessa alternância, dois dos protagonistas do futebol mundial durante a década de 2000 nunca figuraram na lista da Fifa. Pior que isso, nunca sequer foram especulados, apesar do brilhante futebol que praticam e das muitas conquistas obtidas na condição de protagonistas dos seus times. Esses jogadores são, nada mais, nada menos, do que os fantásticos capitães Steven Gerrard e Francesco Totti.

Esses jogadores possuem muitos pontos em comum, além do fato de nunca terem figurado entre os três primeiros do prêmio da Fifa. Ambos são capitães e verdadeiras instituições nos seus respectivos times, os tradicionais Liverpool e Roma, de onde provavelmente nunca sairão. Oriundos das categorias de base, conduziram os seus times a posições superiores do que encontraram.

Gerrard começou a jogar em um Liverpool relegado a segundo plano na Inglaterra, um sombra do maior vencedor de títulos do país e do time que dominou a europa nas décadas de 70 e 80. Todavia, sob o seu comando, os reds voltaram a brigar por títulos na Inglaterra, conquistando três Copas da Inglaterra e uma Copa da Liga Inglesa, embora não tenha, ainda, saído da fila na dificílima Premier League, o que parece uma questão de tempo. Além disso, o time recuperou o preestígio continental, voltando a ser uma potência, ao conquistar uma Copa da Uefa(2001) e, mais importante, ao chegar em duas finais de Champions League (e pode chegar esse ano a terceira), conquistando o título de 2005 com uma reação emocionante contra o Milan, da qual Gerrad, único craque de um time limitado, foi protagonista. É inegável que Gerrard reconduziu o Liverpool à posição de grande da europa, pois comandou o time em todas as vitoriosas campanhas recentes, impondo sua liderança técnica, ocupando um papel que todos esperavam que seria de Michel Owen.

O mesmo se pode falar de Totti. O capitão e torcedor romanista possui um comando técnico e emocional como poucas vezes se viu em um time de futebol. Talvez por isso sempre declare para quem quer ouvir que nunca sairá da Roma. Com seus gols e jogadas geniais, colocou a Roma em um patamar de grandeza talvez nunca antes alcançado, chegando a seguidas finais de Copa da Itália, conquistando uma, levando a Roma a duas quartas de finais consecutivas de Champions League, feito inédito, superado apenas pelo time de Falcão, vice-campeão em 83/84 (perdendo a final em casa para o próprio Liverpool) e, mais importante, levando a Roma a figurar seguidamente entre os quatro primeiros da Série A, sendo o craque da conquista do scudetto de 2000/2001, apenas o terceiro do time, superando os três gigantes do futebol italiano, Juve, Inter e Milan.

Porém, a maior similitude entre esses jogadores não é o fato de serem capitães/torcedores dos times em que jogam, tampouco o fato de levarem, enquanto protagonistas, suas agremiações a um patamar superior, e sim o fato que causa a surpresa na ausência de indicação de ambos ao prêmio da Fifa: a impressionante regularidade.

É espantoso como ambos estão sempre em boa fase! Pouco caem de produção e são os craques dos seus times durante praticamente toda a carreira. É visível como os seus times ficam fragilizados com as suas ausências, vide os recentes confrontos da Roma com o Manchester United, ou as oitavas de final da Champions League de 2005/2006, na qual Gerrard foi poupado de um jogo e o Liverpool, então campeão, foi eliminado pelo Benfica.

Talvez essa espantosa regularidade seja até o motivo para o "esquecimento" de ambos. Como o prêmio da Fifa é decidido através da votação de técnicos, e não de jornalistas, como o da France Football, no qual os dois ao menos já foram cogitados, esses jogadores, que estão sempre demonstrando o mesmo futebol regular e eficiente, acabam sendo ofuscados por intensos brilhos momentâneos de outros gênios da bola, menos regulares.

Outra possível razão é a fidelidade de ambos aos seus times, de forma a ficarem muito vinculados às suas torcidas, não atraindo a simpatia das demais. Até mesmo o desempenho irregular de ambos nas suas seleções nacionais podem demonstrar esse vínculo forte as agremiações, pois talvez apenas neles se sintam completamente a vontade para jogar futebol.

Além disso, os nomes de ambos raramente são envolvidos em suposições de negociações milionárias, pela falta de vontade que possuem de se transferir. E isso diminue um pouco o apelo midiático de ambos(o que não quer dizer que não tenham), pois são jogadores a moda antiga, que ficam vinculados a apenas um clube por toda a carreira e se preocupam mais em ganhar títulos para os seus clubes de coração do que em obter transferências milionárias e protagonizar campanhas publicitárias.

São muitas as possíveis razões para o "esquecimento", mas nenhuma convence plenamente. Até mesmo este blog esqueceu de relacioná-los entre os melhores do ano, ofuscados mais uma vez por jogadores que estão jogando mais nessa temporada do que em outras, enquanto que Francesco e Steven estão jogando o futebol de sempre, regular, eficiente e brilhante, mas sem brilhar menos ou mais. Só espero que não se cometa uma injustiça histórica com esses jogadores, que não são os melhores de sua geração, mas seguramente estão entre os mais regulares, merecendo premiações até mesmo pelo fantástico conjunto da obra.





quinta-feira, 10 de abril de 2008

Futebol Inglês

A superioridade do futebol inglês nessa temporada é incontestável. Três times entre os quatro melhores do continente além de, na minha opinião, os três melhores jogadores da temporada, só servem pra aumentar essa certeza. No meu ponto de vista, Cristiano Ronaldo foi absoluto. Tão absoluto que praticamente não importa o que aconteça nessa reta final de campeonatos, o craque português já pode ser coroado o melhor da temporada. E quando falamos assim, parece que os outros dois fizeram apenas uma "boa temporada", o que não é verdade quando se trata de Fernando Torres e Fabregas. A dupla de espanhóis foi absolutamente instrumental para as boas campanhas de seus times, na UCL e no Campeonato Inglês, respectivamente. Fernando Torres marcando muitos gols (golaços que parecem saídos do videogame, como o gol contra o Arsenal) e muitos deles importantíssimos é peça chave no time do Liverpool hoje e pode-se dizer que foi a melhor contratação desta época. Fabregas é outro que dispensa comentários. Comandou o meio campo do jovem, porém talentoso e promissor time do Arsenal e levou aquele que estava desacreditado pela crítica no começo da temporada à uma belíssima campanha no campeonato inglês, que parece mesmo estar destinado ao Manchester. Dá gosto assistir ao campeonato inglês.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Quem vai parar Cristiano Ronaldo?


Depois do jogo de ontem contra a Roma, no estádio Olímpico, me parece ter ficado claro aos olhos do mundo que a Uefa Champions League tem um grande favorito entre os que restaram na briga pelo título: Manchester United. Aliás, dizer que este favoritismo, a meu ver escancarado, atribuído ao Manchester ficou claro depois do jogo de ontem é injusto pelo futebol que o time vem jogando na temporada inteira. Liderados pelo melhor jogador português desde Eusébio, candidatíssimo a melhor jogador do mundo desta temporada e quiçá a melhor jogador português de todos os tempos, os diabos vermelhos nos lembram dia após dia que é possível jogar um futebol moderno e bonito ao mesmo tempo. Raro vermos um jogador que tem todos os fundamentos excepcionais: é muito rápido, bate bem com as duas pernas, finaliza bem, cabeceia bem, tem ótimo passe, não é fominha e nem treme em decisões - ao contrário, cresce nelas. Resta aos adversários temer o poderoso Manchester e resta aos apreciadores do bom futebol não perder qualquer oportunidade de ver os shows consecutivos que este time vem proporcionando.