quarta-feira, 19 de março de 2008

Análise: Caracas 1 x 1 Cruzeiro

O Cruzeiro, mesmo com muitos desfalques e somente quatro jogadores no banco de reservas, conseguiu, diante das circunstâncias, um ótimo resultado na Venezuela, contra a boa equipe do Caracas. O time comandado por Adilson Batista vem jogando um futebol ainda mais consistente do que no ano passado, mantendo a criatividade e vocação ofensiva, além de demonstrar uma considerável evolução na defesa, ponto mais fraco da equipe de 2007.

No jogo de ontem, particularmente, a retaguarda celeste demonstrou muita consistência, repelindo com firmeza as investidas do veloz e habilidoso ataque do Caracas, comandado pelo talentoso camisa dez Vargas, muito bom jogador. Giovanni Espinoza parece ter dado a maturidade que a defesa não tinha, permitindo que jovens como Léo Fortunato possam demonstrar um futebol de melhor qualidade. O garoto cruzeirense fez uma partida impecável na capital venezuelana.

Vale destacar a atuação, no jogo de ontem, de um jogador que parecia fora dos planos de Adilson, e que provavelmente só atuou em razão dos desfalques, que é Apodi. O ex-lateral direito do Vitória foi o responsável por boa parte das jogadas ofensivas do Cruzeiro, apoiando sempre com muito perigo pela direita e, da mesma forma que acontecia no rubro negro baiano, sofreu (e cavou) muitas faltas, deixando os marcadores "pendurados" com cartões. Todavia, também apresentou as costumeiras falhas de marcação que caracterizam seu futebol, deixando uma verdadeira avenida pelo lado direito. Em um esquema com três zagueiros, como o do Cruzeiro ontem, pode jogar, pois tem cobertura suficiente para criar no ataque. Em uma linha de quatro, não vale a pena escalá-lo, pois deixa a defesa muito vunerável do lado direito, permitindo que o time adversário explore o esse setor. E nem as eventuais jogadas de gol que cria compensam as falhas defensivas desse jogador, que eram constantes na época do Vitória.

Destaque também, para Ramires, que embora não tenha realizado uma atuação brilhante como em outros jogos da temporada, especialmente nos dois jogos contra o Cerro Portenho e no jogo contra o Caracas no Mineirão, fez uma partida muito sólida na marcação, além de ser, hoje, o dono do meio campo do Cruzeiro. Impressionante como quase todas as bolas passam por seus pés! Muito promissor esse jogador, que não pode ficar fora da seleção olímpica.

O Cruzeiro, no momento, é o time brasileiro que vem apresentando o futebol mais convincente na libertadores, contrariando a maioria das análises anteriores ao torneio. Já pode até começar, quem sabe, a sonhar com vôos mais altos. Só deve ter ciência de que o resultado considerado bom ontem pode ser considerado não tão bom assim em breve, pois a raposa não pode esquecer que tem dois jogos difíceis a fazer, contra o San Lorenzo, em casa, e contra o Real Potosí, fora(na altitude).

A equipe argentina é forte, que parece finalmente ter se acertado na temporada, vide a vitória de virada contra o Potosí na altitude, o que é raríssimo, e os últimos resultados no argentino. Assim, deve criar até mais dificuldades no Brasil do que criou na Argentina, onde o Cruzeiro arrancou um empate. Vale lembrar que esse jogo não será no Mineirão, que estará indisponível em razão de um festival de axé music, tendo como provável sede o Ipatingão, em Ipatinga. Já a equipe boliviana sempre cria dificuldades em casa, devido a absurda altitude de Potosí, que causou e causa tanta polêmica desde que o Flamengo jogou lá, na libertadores passada. Assim, o Cruzeiro pode sonhar, sim, com a Libertadores, mas com os pés no chão.