segunda-feira, 24 de março de 2008

Manchester United e Chelsea: favoritos a tudo?


Analisando blogs e "sites" especializados em futebol europeu, programas esportivos de tv fechada e até mesmo a enquete do nosso blog, vê-se a quase unanimidade que se formou em torno do favoritismo de Manchester United e Chelsea para brigar pelo título das comeptoções que disputam, mais precisamente da Premiership e da Uefa Champions League. De fato, esse favoritismo atribuído tem fundamento, ainda mais depois das contundentes atuações dessas equipes nos clássicos de ontem, contra Liverpool e Arsenal, respectivamente.

O Manchester United vem apresentando um futebol eficiente e vistoso, com Cristiano Ronaldo em fase esplendorosa, fazendo gol de tudo que é jeito, mostrando que é, hoje, um jogador praticamente completo em relação a fundamentos, aliando habilidade com técnica e eficiência. Ontem, vez um gol típico de centroavante, que não é, se antecipando de cabeça a Pepe Reina. Waine Rooney, por sua vez, se tornou um coadjuvante de luxo. E não há qualquer intenção pejorativa aqui. O inglês, na minha modesta opinião o melhor em campo ontem, vem colaborando bastante para o sucesso do time, talvez até rendendo mais com todos os holofotes apontados para Ronaldo.

Além das duas principais estrelas, outros jogadores do elenco também estão em ótima fase, colaborando imensamente para a bem sucedida campanha dos red devils tanto em âmbito europeu como no doméstico, como, por exemplo, Carlitos Tevez, sempre decisivo, tanto quando inicia o jogo, como quando entra no decorrer da partida, marcando importantes gols em momentos finais de jogos difíceis, como contra o Tottenham e o Lyon, para exemplificar. Além do argentino, podemos citar ainda os zagueiros Ferdinand e Vidic, o brasileiro Anderson, se firmando em função que não estava habituado, e o jovem português Nani, sempre entrando bem nas partidas. Isso para não falar em Giggs e Scholes, o que seria lugar comum. Enfim, o United é, de fato, um time fortíssimo, muito provavelmente o melhor do mundo.

Todavia, o Chelsea não fica atrás. Depois de muito tempo, tem o seu fantástico elenco todo a disposição, sem lesões que afastem seus jogadores, a ponto de, na partida de ontem, o antes badalado Shevchenko sequer ter figurado no banco de reservas, mesmo apto. Em relação à forma atual, ninguém no mundo o supera, tendo perdido apenas uma partida em 2008 no tempo normal, justamente a mais improvável, contra o Barnsley FC, na FA Cup (contra o Tottenham, na final da Carling Cup, perdeu na prorrogação).

O time parece ter superado a saída de José Mourinho, sendo o principal mérito de Avam Grant ter mantido o jeito do time jogar, e vem crescendo, tanto tecnicamente como fisicamente, no momento mais agudo da temporada. Jogadores importantes como Lampard e Ballack estão, aos poucos, voltando a jogar o que podem, com o alemão finalmente se encaixando na equipe londrina. E Drogba cada vez mais mostra o quanto cresce em momentos decisivos. É impressionate o poder de decisão do marfinense, que sempre faz gols em finais(marcou nas duas últimas da Copa da Liga e fez o do título na última Copa da Inglaterra) e em clássicos como o de ontem.

Porém, apesar de realmente esses dois times serem os que estão em melhor momento na europa, é bom lembrar que, no ano passado, os dois também chegaram como favoritos nas fases finais da champions league e brigavam, um com o outro, pela Premier League e pela FA Cup. Assim, justamente por se sentirem na obrigação de vitória em todas as competições, chegaram fisicamente esfacelados no final da temporada, sendo eliminados nas semifinais da UCL por Milan e Liverpool, restando para o Manchester United a liga e para o Chelsea a copa, o que não é pouco, mas ficou com um gosto de frustração por uma tríplice coroa que poderia ter ido para qualquer dos dois, em razão dos poderosos elencos, e não foi.

Em favor dos dois grandes da Inglaterra, esse ano, está o fato de possuírem elencos ainda mais poderosos e numerosos do que no ano passado, com o Manchester possuindo hoje importantes nomes que não tinha outrora, como Tevez, Anderson, Nani e Hargreaves, e com o Chelsea livre das muitas lesões do ano passado, que afastaram jogadores importantes de momentos decisivos, ou fizeram com que os mesmos jogassem "meia boca", e livre também da necessidade de improvisar o tempo inteiro, com contratações de jogadores para compor o elenco, como os brasileiros Alex e Belleti, que diminuíram a necessidade de improvisar Essien como lateral ou zagueiro com frequência (agora só por opção, como ontem) , e como o centroavante francês Anelka, que pode substituir muito bem Drogba, se necessário. Para o Manchester United também pesa o fato de que Ronaldo, que caiu de produção nos momentos decisivos no ano passado, estar jogando ainda mais do que jogou em 2007, quando foi terceiro colocado no prêmio da Fifa.

E, para não passar batido, é bom ressaltar que as surpreendentes eliminações precoces de ambos na FA Cup pode até ser favorável em relação à possibilidade de conquista do título europeu, ou pelo menos de classificação até a final, quando um enfrentaria o outro, pois os elencos, hoje mais numerosos, chegarão, em tese, mais descansados nas fases finais da principal competição européia.

O favoritismo apontado a essas equipes é justo, desde que sem exageros, já que ambos fracassaram na UCL em condições semelhantes no ano passado, o mesmo ocorrendo em competições de mata-mata esse ano, e têm seis equipes fortes pelo caminho, algumas com elencos igualmente numerosos e poderosos, na disputa do título europeu. Na competição local, é bom lembrar que, apesar da derrota de ontem, o Arsenal ainda está na cola e já mostrou que pode, sim, ser campeão. Porém, somente a título de palpite, aponto o Manchester United como virtual campeão inglês, e o Chelsea como vencedor na Europa. Me cobrem nos idos de maio.